Seleção homenageia cineastas falecidos recentemente e tem programa especial com dois curtas e um média-metragem da cineasta francesa Germaine Dulac
Uma mostra que traz a história do cinema como ponto principal: esta é a Olhares Clássicos, um dos destaques do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba. Como já é tradição, a seleção faz um panorama histórico, reencontrando ou conhecendo pela primeira vez a obra de alguns dos nomes mais relevantes do cinema. São filmes consagrados que já não são exibidos nos cinemas da capital paranaense há muito tempo e títulos inéditos no Brasil, em obras restauradas menos conhecidas do grande público, mas fundamentais para o cinema.
“Diferentes elementos contribuem para que um filme seja considerado um clássico”, diz Aaron Cutler, um dos programadores para longas-metragens do Olhar de Cinema. “Dois dos mais importantes são atualidade e urgência. Os filmes da seleção de Clássicos deste ano falam diretamente do seu período para o nosso, por meio de uma relevância envolvente. São grandes obras que podem ser assistidas várias vezes, adquirindo assim novos significados e encantos. Estamos muito orgulhosos de fornecer tais filmes para o público do festival em cópias cuidadosamente restauradas e oferecer às pessoas a oportunidade de os descobrir ou redescobrir”.
Os cinco primeiros filmes anunciados da Olhares Clássicos vão permitir ao público conhecer e rememorar o trabalho de alguns dos principais nomes do cinema mundial falecidos recentemente. Como o coreógrafo e cineasta Stanley Donen (1924-2019), com seu “Cantando na Chuva” (1952), co-dirigido por Gene Kelly. O filme é um dos musicais mais celebrados da Era de Ouro do cinema americano, e tem como tema uma das grande mudanças nesta indústria, com a chegada do som sincronizado.
Um dos maiores nomes do cinema brasileiro também faz parte da seleção: Nelson Pereira dos Santos (1928-2018), com seu filme “Memórias do Cárcere” (1984), adaptação do clássico de Graciliano Ramos que atravessa gerações e segue servindo como um libelo pela liberdade artística e a resistência política em tempos de totalitarismo.
Menos reconhecidos pelo grande público, mas ainda fundamentais, estão dois cineastas que criaram seu próprios espaços de linguagem e marcaram o cinema, inspirando vários outros realizadores até os dias de hoje: o lituano Jonas Mekas (1922-2019), com o longa-metragem “Reminiscências de uma Viagem à Lituânia” (1972), e o inglês Nicolas Roeg (1928-2018), com “A Longa Caminhada” (1972).
Outra preocupação do Olhar de Cinema é fazer com que nomes apagados da história do cinema encontrem o reconhecimento merecido. Como se sabe, o caso dos apagamentos de mulheres realizadoras é ainda mais evidente e, pensando nisso, a curadoria selecionou um programa com três filmes da cineasta francesa Germaine Dulac (1882-1942). Ao atravessar do cinema mudo ao sonoro, de maneira pioneira, a diretora foi uma figura chave para a vanguarda francesa da década de 1920 e também uma das primeiras cineastas a assumir um posicionamento feminista tanto na vida quanto nos filmes. Os filmes que integram o programa são os curtas “Danses espagnoles” (1928), “Celles qui s’en font” (1928) e o média-metragem “La cigarette” (1919)
“Sua investigação estética tinha como foco aquilo que era específico ao meio cinematográfico, como os jogos de luz e sombra e a relação entre movimentos, resultando em filmes por vezes chamados de impressionistas, surrealistas ou, como ela defendia, ‘integrais’, afirma a curadora Carla Italiano. “Se por décadas a importância fundamental de Dulac foi omitida da historiografia dominante mundial, hoje ela pode ser considerada uma das artistas incontornáveis para qualquer olhar retrospectivo dedicado às primeiras décadas do cinema”, complementa.
Confira os primeiros filmes anunciados da Mostra Olhares Clássicos do 8º Olhar de Cinema:
A Longa Caminhada (Walkabout, dir. Nicolas Roeg, Austrália/Reino Unido, 1971, 100min)
Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain, dir. Stanley Donen, EUA, 1952, 103min)
Memórias do cárcere (dir. Nelson Pereira dos Santos, Brasil, 1984, 185min)
Programa Germaine Dulac
Celles qui s’en font (dir. Germaine Dulac, França, 1928, 6min)
La cigarette (dir. Germaine Dulac, França, 1919, 56min)
Danses espagnoles (dir. Germaine Dulac, França, 1928, 7min)
Reminiscências de uma Viagem à Lituânia (Reminiscences of a Journey to Lithuania, dir. Jonas Mekas, Lituânia/EUA, 1972, 82min)
Outras novidades sobre o 8º Olhar de Cinema, com outros filmes selecionados e atividades, vêm por aí.
O 8º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Cinema conta com patrocínio do BRDE, FSA e Ancine, apoio da Copel, Bigben, Ademilar, Lojacorr, incentivo da Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura de Curitiba, Profice, Governo do Paraná e realização da Grafo Audiovisual, Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania e Governo Federal.
SERVIÇO
8º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba
De 5 a 13 de junho
1º Encontros de Cinema de Curitiba
De 9 a 11 de junho
A atividade paralela ao festival, voltada para o mercado.
FONTE: KARINA ALMEIDA / GENCO ASSESSORIA E COMUNICAÇÃO
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