segunda-feira, 8 de março de 2021

Doc 'América Armada' estreia 11/03 em plataformas streaming



Documentário eleito como hors concours na 51ª edição do Festival de Cinema de Brasília, "América Armada", dirigido por Pedro Asbeg e Alice Lanari, estreia 11 de março no NOW, Vivo Play, Oi Play, e no dia 25 de abril na Globo News. O longa registra a luta de cidadãos e populações oprimidas por organizações criminosas e pelas ações arbitrárias do Estado. Gravado no Brasil, México e Colômbia, o filme faz um paralelo da violência crescente nos três países latinoamericanos e do fenômeno da militarização da sociedade civil. Mostra ainda a importância das novas mídias, da atuação do jornalismo de denúncia e dos movimentos sociais contra a violação dos direitos humanos. 

De acordo com Alice Lanari, a ideia do documentário surgiu em 2014, quando os diretores buscaram entender as diferenças e semelhanças da expansão das milícias, no Rio de Janeiro, e a criação das autodefesas, no Mèxico. Posteriormente, a situação da Colômbia foi incorporada ao filme.  "Foi assustador perceber que aquilo que estava acontecendo no Brasil durante as filmagens e que só se aprofundou depois disso, tinha e tem muitas semelhanças com o que já aconteceu - com resultados trágicos - em outros países latino-americanos." 

Para realizar o longa, os diretores iniciaram o processo de pesquisa em 2016, viajando para os países que fariam parte do documentário. Eles precisavam conhecer de perto a realidade das populações envolvidas e estabelecer uma relação de confiança. As filmagens com a equipe completa aconteceriam somente um ano depois, registrando durante dois meses o cotidiano dessas pessoas


O documentário acompanha três personagens centrais: No México, o jornalista Heriberto Paredes; no Brasil, o ativista Raul Santiago, morador do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro; e na Colômbia, a ativista Teresita Gavíria. Todos engajados na defesa de sua gente e pela luta contra os abusos aos direitos humanos. Ameaçado de morte, o jornalista Heriberto Paredes  acompanha as ações das comunidades indígenas no estado mexicano de Michoacán. Para se proteger dos ataques violentos do crime organizado e do narcotráfico, essas comunidades indígenas, sentindo-se ameaçadas pelas próprias instituições estatais que a priori deveriam defendê-las, decidiram pegar em armas. Eles criaram sua própria força policial, como a Guarda Comunal de Santa Maria Ostula, que faz rondas diárias para defender seu povo e território. 


No Brasil, Raul Santiago, ativista do coletivo Papo Reto, denuncia as irregularidades das ações policiais  no Complexo do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro. Com um celular ligado à Internet, ele registra em tempo real tudo que ocorre na comunidade. Através de lives nas redes sociais, Santiago acompanha a luta dos moradores da favela na busca pelos seus direitos. Também realiza um trabalho de divulgação das ações culturais dos integrantes do coletivo. 


Em Medelín, Teresita Gavíria, que perdeu seu filho assassinado e desaparecido há 18 anos, atualmente faz parte do grupo "Madres de la Candelaria". O coletivo busca por informações de pessoas desaparecidas, torturadas e mortas em 50 anos de conflitos armados na Colômbia. O coletivo acolhe e orienta os familiares das vítimas da violência. Também promove encontros das mães com os algozes de seus filhos e companheiros, no intuito de conseguir entender, perdoar e obter informações sobre seus entes desaparecidos.


Apesar de separados pela língua e cultura, Brasil, México e Colômbia enfrentam o crescimento do crime organizado em seus territórios. O documentário constrói uma narrativa em paralelo, revelando as fronteiras sociais que marcam a desigualdade e o aumento da violência, muitas vezes promovida pelo próprio Estado. O longa também chama atenção para o processo de militarização da sociedade civil. Segundo Pedro Asbeg, o filme "levanta um debate sobre a livre circulação de armas, sobre os lucros absurdos da indústria bélica e sobre as conexões pela violência em toda a América Latina, em um momento em que vivemos em um processo político e social favorável ao porte e uso de armas por civis". 

Após sua primeira exibição na noite de encerramento do Festival de Cinema de Brasília, "América Armada" participou de festivais no México, Cuba, França, Etiópia, entre outros países. O documentário também é citado no site da Comissão Mexicana de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos. O filme estreia 11 de março no NOW, Vivo Play, Oi Play, e no dia 25 de abril na Globo News.

Elisabete Estumano Freire



*** Fonte e trechos das entrevistas dos documentaristas Alice Lanari e Pedro Asbeg foram extraídos de material fornecido por Paula C. Ferraz/ Sinny Assessoria e Comunicação. 





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