Filme sobre o personagem mais carismático da saga Star Wars, finalmente chega aos cinemas.
Protagonizado por Alden Ehrenreich, "Han Solo" é o novo spin-off da franquia Star Wars. O filme, que narra a história pregressa do capitão Han Solo, eternizado por Harrison Ford, superou os problemas de produção e surpreende os fãs da franquia.
Desde o ano passado, as notícias de bastidores de "Han Solo" não eram nada animadoras. Katheleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, estava insatisfeita com os resultados das filmagens e fez várias mudanças: demitiu os diretores Phil Lord e Chris Miller (Uma aventura Lego; Anjos da Lei 2) e convidou o experiente diretor Ron Howard (Apollo 13; Uma Mente Brilhante) para substituí-los; mudou a produção de Londres para as Ilhas Canárias; e substituiu o editor Chris Dickens (Macbeth) por Pietro Scalia (Alien: covenant; Perdido em Marte).
A escolha de um ator pouco conhecido pelo grande público também causou um certo temor sobre o resultado final. A informação de que a Lucasfilm também estava descontente com a performance de Alden Ehrenreich (Dezesseis Luas; Ave Cesar; Blue Jasmine) e que contratou um coach de atuação para ajudá-lo não foi vista com bons olhos pelo fãs da saga.
Tantas alterações na produção e a ameaça de adiamento do lançamento, de maio para dezembro de 2018, preconizavam que o filme poderia ser um fiasco. Por outro lado, quem poderia imaginar que alguém diferente de Ford pudesse se sair bem no papel sem parecer forçado ou fake? O ator certamente seria alvo de comparações e críticas. Com um grande desafio pela frente, a solução encontrada foi não tentar imitar Ford, mas mergulhar na psicologia do personagem.
"Han Solo" apresenta os eventos que antecederam em pelo menos dez anos o capítulo IV, "Star Wars: a New Hope". No primeiro filme da saga, lançado em 1977, encontramos o personagem como um homem maduro, um sobrevivente, que tinha aprendido às duras penas sair ileso das situações de perigo. Com a cabeça a prêmio, ele pensava como alguém prático, que precisa se proteger e pagar suas dívidas.
Entretanto, Ford deu charme ao personagem, que era um verdadeiro cowboy do espaço. Encarnava a pele do anti-herói, cheio de malandragem e golpes. Han tinha plena consciência de suas qualidades e de suas deficiências, mas gostava de impressionar os outros, exagerando seus feitos. Tinha o ego inflado, era egoísta, cínico e manipulador, mas deixava escapar algo além da máscara de piloto mercenário.
Apesar de ser um homem incrédulo e pessimista, tinha certa simpatia por causas nobres, como a luta da aliança rebelde contra o império. Durante sua viagem a Alderaan, Han sentiu afeição por Obi-Wan Kenobi, Luke e Leia. Quando a Millenium Falcon foi capturada pelo raio trator da Estação Espacial, ele se mostrou destemido e corajoso, mas entrou em conflito com a princesa. Na luta final contra a "Estrela da Morte", Han volta para ajudar Luke e os rebeldes, desejando se tornar digno da admiração deles e, principalmente, de Leia.
O que fez Solo mudar de atitude, de um mercenário egoísta para se tornar um herói rebelde? É aí que entra a composição de Ehrenreich. Sua interpretação é o grande trunfo do filme. O ator não tenta simplesmente imitar Ford, mas faz sua própria construção do personagem. Contudo, em muitos momentos ele nos lembra Ford em pequenos detalhes, mínimos, mas que causam grande efeito na tela.
Fica evidente o intenso trabalho de interpretação corporal de Ehreinch para captar nuances que nos fazem lembrar o Solo de Ford: o charme no modo de sorrir, o olhar, a postura ao segurar uma arma, o jeito falante de ser. Tudo parece fluir de modo bastante natural.
O personagem ganha frescor e leveza. O ator apresenta um jovem Han que começa a desbravar o mundo fora de Corellia, sua terra natal. Ele tem esperança de recuperar o que deixou para trás e reverter seus erros. É um pouco idealista, mas nunca ingênuo, e tem talento para contornar situações complicadas, tentando fazer acordos e aliados. É assim que começa sua amizade com Chewbacca, tornando-os inseparáveis.
O Han Solo de Ehrenreich também é um homem apaixonado, perspicaz, excelente piloto e fiel às suas amizades. Ele não tem paradeiro, nem raízes, mas acredita no amor e é bastante generoso com aqueles em quem confia. É um galanteador que não quer ser visto como um cara bonzinho, mas um cara mau. Também tem um fraco por causas nobres. Entretanto, descobre muito cedo a decepção da traição.
Críticas à parte, do roteiro, da ausência de cenas de maior impacto e do trabalho de direção, montagem e som, o filme proporciona alguns momentos que emocionam. É o caso da primeira vez que Han vê a Millenium Falcon e quando finalmente tem a oportunidade de pilotar a nave.
Muitos fãs apontam que o erro do filme foi se propor a responder todas as lacunas do passado de Han. Argumentam que tal escolha destrói a aura de mistério do personagem, incluindo sua relação com Lando Carlissian (Donald Glover). Contudo, ainda que "Han Solo" seja mais um filme do universo estendido da saga, sem grandes pretensões, dá indícios de que muitas surpresas ainda estão por vir, principalmente a partir dos desdobramentos envolvendo a personagem Q'ira, interpretada por Emília Clarke. O filme contou ainda com as presenças de Woody Harrelson e Thandie Newton.
Elisabete Estumano Freire.
Protagonizado por Alden Ehrenreich, "Han Solo" é o novo spin-off da franquia Star Wars. O filme, que narra a história pregressa do capitão Han Solo, eternizado por Harrison Ford, superou os problemas de produção e surpreende os fãs da franquia.
Desde o ano passado, as notícias de bastidores de "Han Solo" não eram nada animadoras. Katheleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, estava insatisfeita com os resultados das filmagens e fez várias mudanças: demitiu os diretores Phil Lord e Chris Miller (Uma aventura Lego; Anjos da Lei 2) e convidou o experiente diretor Ron Howard (Apollo 13; Uma Mente Brilhante) para substituí-los; mudou a produção de Londres para as Ilhas Canárias; e substituiu o editor Chris Dickens (Macbeth) por Pietro Scalia (Alien: covenant; Perdido em Marte).
A escolha de um ator pouco conhecido pelo grande público também causou um certo temor sobre o resultado final. A informação de que a Lucasfilm também estava descontente com a performance de Alden Ehrenreich (Dezesseis Luas; Ave Cesar; Blue Jasmine) e que contratou um coach de atuação para ajudá-lo não foi vista com bons olhos pelo fãs da saga.
Tantas alterações na produção e a ameaça de adiamento do lançamento, de maio para dezembro de 2018, preconizavam que o filme poderia ser um fiasco. Por outro lado, quem poderia imaginar que alguém diferente de Ford pudesse se sair bem no papel sem parecer forçado ou fake? O ator certamente seria alvo de comparações e críticas. Com um grande desafio pela frente, a solução encontrada foi não tentar imitar Ford, mas mergulhar na psicologia do personagem.
"Han Solo" apresenta os eventos que antecederam em pelo menos dez anos o capítulo IV, "Star Wars: a New Hope". No primeiro filme da saga, lançado em 1977, encontramos o personagem como um homem maduro, um sobrevivente, que tinha aprendido às duras penas sair ileso das situações de perigo. Com a cabeça a prêmio, ele pensava como alguém prático, que precisa se proteger e pagar suas dívidas.
Entretanto, Ford deu charme ao personagem, que era um verdadeiro cowboy do espaço. Encarnava a pele do anti-herói, cheio de malandragem e golpes. Han tinha plena consciência de suas qualidades e de suas deficiências, mas gostava de impressionar os outros, exagerando seus feitos. Tinha o ego inflado, era egoísta, cínico e manipulador, mas deixava escapar algo além da máscara de piloto mercenário.
Apesar de ser um homem incrédulo e pessimista, tinha certa simpatia por causas nobres, como a luta da aliança rebelde contra o império. Durante sua viagem a Alderaan, Han sentiu afeição por Obi-Wan Kenobi, Luke e Leia. Quando a Millenium Falcon foi capturada pelo raio trator da Estação Espacial, ele se mostrou destemido e corajoso, mas entrou em conflito com a princesa. Na luta final contra a "Estrela da Morte", Han volta para ajudar Luke e os rebeldes, desejando se tornar digno da admiração deles e, principalmente, de Leia.
O que fez Solo mudar de atitude, de um mercenário egoísta para se tornar um herói rebelde? É aí que entra a composição de Ehrenreich. Sua interpretação é o grande trunfo do filme. O ator não tenta simplesmente imitar Ford, mas faz sua própria construção do personagem. Contudo, em muitos momentos ele nos lembra Ford em pequenos detalhes, mínimos, mas que causam grande efeito na tela.
Fica evidente o intenso trabalho de interpretação corporal de Ehreinch para captar nuances que nos fazem lembrar o Solo de Ford: o charme no modo de sorrir, o olhar, a postura ao segurar uma arma, o jeito falante de ser. Tudo parece fluir de modo bastante natural.
O personagem ganha frescor e leveza. O ator apresenta um jovem Han que começa a desbravar o mundo fora de Corellia, sua terra natal. Ele tem esperança de recuperar o que deixou para trás e reverter seus erros. É um pouco idealista, mas nunca ingênuo, e tem talento para contornar situações complicadas, tentando fazer acordos e aliados. É assim que começa sua amizade com Chewbacca, tornando-os inseparáveis.
O Han Solo de Ehrenreich também é um homem apaixonado, perspicaz, excelente piloto e fiel às suas amizades. Ele não tem paradeiro, nem raízes, mas acredita no amor e é bastante generoso com aqueles em quem confia. É um galanteador que não quer ser visto como um cara bonzinho, mas um cara mau. Também tem um fraco por causas nobres. Entretanto, descobre muito cedo a decepção da traição.
Críticas à parte, do roteiro, da ausência de cenas de maior impacto e do trabalho de direção, montagem e som, o filme proporciona alguns momentos que emocionam. É o caso da primeira vez que Han vê a Millenium Falcon e quando finalmente tem a oportunidade de pilotar a nave.
Muitos fãs apontam que o erro do filme foi se propor a responder todas as lacunas do passado de Han. Argumentam que tal escolha destrói a aura de mistério do personagem, incluindo sua relação com Lando Carlissian (Donald Glover). Contudo, ainda que "Han Solo" seja mais um filme do universo estendido da saga, sem grandes pretensões, dá indícios de que muitas surpresas ainda estão por vir, principalmente a partir dos desdobramentos envolvendo a personagem Q'ira, interpretada por Emília Clarke. O filme contou ainda com as presenças de Woody Harrelson e Thandie Newton.
Elisabete Estumano Freire.
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