domingo, 25 de março de 2018

'Ella e John' estreia 5 de abril nos cinemas

Diretor e elenco falam sobre a realização do filme



Dirigido pelo cineasta italiano Paolo Virzi, "Ella e John"(The Leisure Seeker) é baseado no romance homônimo de Michael Zadoorian, com roteiro de Stephen Amidon, Francesco Piccolo e Francesca Archbugi. Estrelado pela vencedora do Oscar® Helen Mirren e do ganhador de dois Globos de Ouro, Donald Sutherland, o filme é um road movie sobre um casal de idosos que foge pelas estradas da costa leste dos Estados Unidos, numa última viagem para desfrutar a vida juntos.

O filme narra a história de Ella Spencer, que diante do avanço do mal de Alzheimer no esposo John, um apaixonado ex-professor de literatura, decide realizar um antigo desejo de seu marido: viajar até Key West, na Califórnia,  a bordo do antigo trailer Winnebago Indian 1975, que eles batizaram de "O caça-lazer" (The Leisure Seeker), e visitar a casa e o museu de Ernest Hemingway

Consumidor de filmes e da literatura norte-americana, o cineasta italiano sempre desejou realizar um filme nos Estados Unidos. Indicado duas vezes ao Oscar de melhor filme estrangeiro por "La Prima Cosa Bella" (2010) e "Capital Humano" (2015), Virzi também recebeu o prêmio David Di Donatello de melhor diretor de 2017 e de melhor filme por "Loucas de Alegria"(La Pazza Gioia). Segundo o cineasta, "eu não queria fazer um filme norte-americano - queria fazer um filme meu nos EUA". 

Junto com seus parceiros da Indiana Production, Paolo fez uma pesquisa literária em romances e contos norte-americanos até encontrar o livro de Michael Zadoorian, com a história de um casal de idosos fugindo dos subúrbios de Detroit para a Califórnia em seu velho trailer ao longo da icônica Rota 66. Para o cineasta era algo muito atraente, que apresentava um espírito subversivo, uma rebelião contra a hospitalização imposta pelos médicos, por seus filhos, pela sociedade e pelo sistema de saúde. O livro também fazia um retrato irônico da América, que culminava na Disneylândia. Entretanto, havia o receio de cair nos clichês e o cineasta deixou o projeto de lado por um tempo e voltou a filmar na Itália. 

Anos depois, os roteiristas Francesca Archibugi, Francesco Piccolo e Stephen Amidon convenceram Virzi a retomar o projeto. A ideia era manter a história inspirada no livro, mas com algumas mudanças necessárias. Na nova versão, o itinerário e o contexto sociocultural dos personagens seriam alterados: um professor de literatura da Nova Inglaterra, idoso e aposentado, com uma esposa que é cerca de dez anos mais nova e vem da Carolina do Sul, viajando até a casa de Ernest Hemingway, em Key West. 

Segundo o cineasta, "Eu me lembro de dizer aos nossos amigos da Indiana Production: Se Donald Sutherland aceitar interpretar o John e Helen Mirren aceita interpretar a Ella, eu juro que vou fazer esse filme". Qual não foi sua surpresa quando os dois atores concordaram em participar do projeto. "Donald aceitou imediatamente, com um entusiasmo e uma vontade que me deixaram atônito, Helen depois de apenas uma semana de hesitação (ela acabou me explicando que tinha feito um pacto consigo mesma de que só iria interpretar certos papéis mais tarde na sua carreira). Nós também fomos instados pelos agentes deles a começar a filmar o mais rápido possível, por causa de suas agendas lotadas. Poucas semanas depois, já estávamos trabalhando: mal tive tempo de me concentrar no que estava acontecendo e me vi mergulhado na preparação e nas filmagens."


Para os atores, o filme foi um desafio prazeroso. "Eu estava um pouco temerosa de fazer um filme focado na velhice", diz Helen Mirren, "mas conhecendo o trabalho de Paolo Virzì, em particular, Capital Humano (Human Capital), eu achei que ele tinha uma maneira maravilhosa, humana, espirituosa e fácil de abordar essas situações humanas complicadas, mas muito, muito realistas. A marca do Paolo é o naturalismo, um comportamento humano que pode ser bobo ou heroico, mas nunca melodramático. Eu simplesmente adorava seu estilo".

Donald Sutherland concorda. "Paolo é brilhante da forma mais sutil e complicada. Se eu fosse resumir a sua sensibilidade, sua compreensão da condição humana, diria que é uma epifania. "Relembrando o que o atraiu no papel de um ex-professor de inglês ainda imerso na literatura, mesmo que a sua mente comece a falhar, Sutherland afirma: "Eu, provavelmente, tinha lido umas vinte páginas no roteiro quando o John veio se sentar e começou a falar comigo. Foi uma conversa maravilhosa. Ele era muito articulado. E foi muito específico. E ele gostou do roteiro".

Essa sintonia entre direção, produção e elenco tem como resultado um trabalho primoroso e de muita sensibilidade que o espectador pode conferir no cinema. De acordo com Paolo Virzi, "Foi sempre uma produção italiana, com a minha maneira italiana de ver as coisas. Eu diria que isso significa não ter medo da parte ridícula da vida. A vida é algo assustador e emocionante ao mesmo tempo, e isso é o que eu sempre tento colocar em um filme".

Elisabete Estumano Freire.



* Confira a crítica do filme no link abaixo: 

**Informações e trechos de depoimento de Paolo Virzi, Helen Mirren e Donald Sutherland foram extraídos do Presskit oficial do filme, fornecido pela Sony Pictures através da "Primeiro Plano Assessoria de Imprensa." 






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