A nova versão cinematográfica do clássico de Jorge Amado traz Juliana Paes, Marcelo Farias e Leandro Hassum como protagonistas
Um dos maiores sucessos do cinema nacional, "Dona Flor e seus dois maridos" está de volta às telonas. Com roteiro e direção de Pedro Vasconcelos, o longa está mais próximo da adaptação teatral da obra que da clássica versão cinematográfica de 1976, dirigida por Bruno Barreto.
O filme, inspirado no best-seller de Jorge Amado, apresenta a história da jovem Florípedes (Juliana Paes), que se casa com Vadinho (Marcelo Farias). Boêmio, mulherengo e viciado em jogo, o personagem morre durante o carnaval. Após o período de luto, Dona Flor se casa com o metódico farmacêutico Theodoro (Leandro Hassum). Apesar de um casamento tranquilo, Flor vive insatisfeita. A saudade que sente do primeiro marido faz com que o finado retorne do além.
É impossível assistir a nova versão sem fazer comparações com o longa de 1976, estrelado por Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. Apesar do esforço de Pedro Vasconcelos, com belas tomadas e movimentos de câmera em grua, o filme está mais para o teatro do que para o cinema. Isso vale para a direção de atores, principalmente no que se refere ao elenco de apoio. É bom lembrar que Vasconcelos foi responsável por uma das montagens teatrais do romance de Jorge Amado, sendo indicado ao prêmio Shell de melhor diretor e vencendo três prêmios "Qualidade do ano 2008".
O filme de Pedro Vasconcelos parece ser mais romantizado que o original de Bruno Barreto, porém muito mais centrado no conflito moralista da protagonista e na sua libido. A nova versão mostra uma Dona Flor mais resistente aos apelos de Vadinho, apesar de sua insatisfação sexual. As cenas em que ela relata suas angústias de um casamento morno são mais extensas, assim como sua relutância em aceitar o primeiro marido novamente em seu leito. Por outro lado, Marcelo Farias é um Vadinho mais apaixonado e menos cafajeste que o personagem de José Wilker. Há ainda uma tentativa de comicidade das situações envolvendo o personagem Teodoro (Leandro Hassum), que apesar do talento do ator caem no clichê, lembrando momentos da adaptação teatral.
Com um lapso temporal de 41 anos entre as duas produções, "Dona Flor e seus dois maridos" chega aos cinemas com uma roupagem nova, ainda que fiel em algumas cenas ao longa de 1976. Entretanto, não devemos esquecer o contexto social e político em que o filme original surgiu. Assim, a nudez, o deboche e a irreverência de seus célebres personagens causaram um impacto na sociedade da época que não será o mesmo dos dias atuais, em que a questão da hipocrisia social, religiosidade e sexualidade feminina são discutidas mais abertamente.
Com muitas homenagens, incluíndo a interpretação à capela de "É doce morrer no mar", de Dorival Caymmi, o filme de Pedro Vasconcelos é uma bela releitura da obra de Jorge Amado e do clássico do cinema nacional.
Elisabete Estumano Freire.
O filme, inspirado no best-seller de Jorge Amado, apresenta a história da jovem Florípedes (Juliana Paes), que se casa com Vadinho (Marcelo Farias). Boêmio, mulherengo e viciado em jogo, o personagem morre durante o carnaval. Após o período de luto, Dona Flor se casa com o metódico farmacêutico Theodoro (Leandro Hassum). Apesar de um casamento tranquilo, Flor vive insatisfeita. A saudade que sente do primeiro marido faz com que o finado retorne do além.
É impossível assistir a nova versão sem fazer comparações com o longa de 1976, estrelado por Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. Apesar do esforço de Pedro Vasconcelos, com belas tomadas e movimentos de câmera em grua, o filme está mais para o teatro do que para o cinema. Isso vale para a direção de atores, principalmente no que se refere ao elenco de apoio. É bom lembrar que Vasconcelos foi responsável por uma das montagens teatrais do romance de Jorge Amado, sendo indicado ao prêmio Shell de melhor diretor e vencendo três prêmios "Qualidade do ano 2008".
O filme de Pedro Vasconcelos parece ser mais romantizado que o original de Bruno Barreto, porém muito mais centrado no conflito moralista da protagonista e na sua libido. A nova versão mostra uma Dona Flor mais resistente aos apelos de Vadinho, apesar de sua insatisfação sexual. As cenas em que ela relata suas angústias de um casamento morno são mais extensas, assim como sua relutância em aceitar o primeiro marido novamente em seu leito. Por outro lado, Marcelo Farias é um Vadinho mais apaixonado e menos cafajeste que o personagem de José Wilker. Há ainda uma tentativa de comicidade das situações envolvendo o personagem Teodoro (Leandro Hassum), que apesar do talento do ator caem no clichê, lembrando momentos da adaptação teatral.
Com um lapso temporal de 41 anos entre as duas produções, "Dona Flor e seus dois maridos" chega aos cinemas com uma roupagem nova, ainda que fiel em algumas cenas ao longa de 1976. Entretanto, não devemos esquecer o contexto social e político em que o filme original surgiu. Assim, a nudez, o deboche e a irreverência de seus célebres personagens causaram um impacto na sociedade da época que não será o mesmo dos dias atuais, em que a questão da hipocrisia social, religiosidade e sexualidade feminina são discutidas mais abertamente.
Com muitas homenagens, incluíndo a interpretação à capela de "É doce morrer no mar", de Dorival Caymmi, o filme de Pedro Vasconcelos é uma bela releitura da obra de Jorge Amado e do clássico do cinema nacional.
Elisabete Estumano Freire.
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