sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

“NO INTENSO AGORA”, DE JOÃO MOREIRA SALLES, ESTREIA NO FESTIVAL DE BERLIM


No Intenso Agora, escrito e dirigido por João Moreira Salles (Santiago, Entreatos), terá sua estreia mundial no próximo Festival Internacional de Cinema de Berlim (09-19 de fevereiro 2017), na Alemanha, como parte da mostra Panorama. O filme é uma produção VideoFilmes. 

Dez anos separam No intenso agora de Santiago. Apesar da distância, tenho a impressão de que são filmes aparentados. Não me refiro apenas ao aspecto pessoal dos documentários, mas também ao modo como eles foram realizados. Os dois são essencialmente filmes de arquivo, nascidos na ilha da edição. Santiago surgiu do trabalho de três pessoas de três gerações diferentes – Eduardo Escorel, eu e Lívia Serpa –, que, ao longo de meses, construíram o filme a partir da reflexão que fizemos sobre a natureza do material bruto que havíamos reunido. No intenso agora nasceu do mesmo jeito, mas com Laís Lifschitz no lugar de Lívia. A diferença é que levou mais tempo – não meses, mas anos. E também, que de uma forma não muito clara para mim, Santiago talvez seja sobre o pai, enquanto No intenso agora é sobre a mãe, explica João Moreira Salles.

O documentário, narrado em primeira pessoa, reflete sobre o que revelam quatro conjuntos de imagens da década de 1960: os registros da revolta estudantil francesa em maio de 68; os vídeos feitos por amadores durante a invasão da Tchecoslováquia em agosto do mesmo ano, quando as forças lideradas pela União Soviética puseram fim à Primavera de Praga; as filmagens do enterro de estudantes, operários e policiais mortos durante os eventos de 68 nas cidades de Paris, Lyon, Praga e Rio de Janeiro; e as cenas que uma turista – a mãe do diretor – filmou na China em 1966, ano em que se implantou no país a Grande Revolução Cultural Proletária.

No intenso agora busca uma reflexão sobre a natureza das imagens históricas. Quem as filma, por que as filma, como as filma? Haveria diferença entre registros realizados em regimes políticos diferentes? O que o arquivo revela de si mesmo sem que o espectador precise recorrer ao contexto histórico? Que tipo de imagem nasce do medo, do enlevo, do risco, da urgência, da alegria? A reflexão se estende ao cinema documental surgido naquele período, quando estudantes e professores trocaram a aridez teórica da sala de aula pela ação militante da rua. O documentário tem edição de Eduardo Escorel e Laís Lifschitz. A pesquisa de imagem é de Antonio Venâncio, a produção executiva é de Maria Carlota Bruno e a trilha sonora é de Rodrigo Leão.


SINOPSE
Feito a partir da descoberta de filmes caseiros rodados na China em 1966, durante a fase inicial e mais aguda da Revolução Cultural, No intenso agora trata da natureza efêmera dos momentos de grande intensidade. Às cenas da China somam-se imagens dos eventos de 1968 na França, na Tchecoslováquia e, em menor medida, no Brasil, a partir das quais, na tradição dos filmes-ensaio, tenta-se investigar como aqueles que tomaram parte naqueles acontecimentos seguiram adiante depois do arrefecimento das paixões. As imagens, todas elas de arquivo, revelam não só o estado de espírito das pessoas filmadas – alegria, encantamento, medo, decepção, desalento – como também a relação entre registro e circunstância política. O que se pode dizer de Paris, Praga, Rio de Janeiro e Pequim a partir das imagens daquele período? Por que cada uma dessas cidades produziu um tipo específico de registro?

FICHA TÉCNICA
Roteiro, Texto e Direção: João Moreira Salles
Montagem: Eduardo Escorel e Laís Lifschitz
Música original: Rodrigo Leão
Pesquisa de imagens de arquivo: Antonio Venancio
Produção Executiva: Maria Carlota Bruno
Edição de som e mixagem: Denilson Campos
Coordenação de Pós-Produção: Marcelo Pedrazzi
Produção: Vídeo Filmes


Confira no link oficial da Berlinale:



SOBRE JOÃO MOREIRA SALLES
João Moreira Salles, documentarista, iniciou sua carreira em 1985, ano em que fundou, ao lado de seu irmão Walter Salles, a VideoFilmes, focada na produção de documentários e de filmes de ficção, entre eles Central do Brasil (1998), Notícias de uma Guerra Particular (1999), Abril Despedaçado (2002), Cidade de Deus (2002), Madame Satã (2002) e Nelson Freire(2003). Nos últimos oito anos, Salles e a VideoFilmes produziram todos os documentários do aclamado documentarista brasileiro Eduardo Coutinho e a empresa recebeu mais de 300 prêmios internacionais.

Em 1987, Salles dirigiu China, o Império do Centro e escreveu o roteiro de Krajcberg, o Poeta dos Vestígios, que lhe rendeu os prêmios de Melhor Documentário de Pesquisa do Festival dei Popoli (Florença, Itália), Melhor Documentário do Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano (Havana, Cuba) e o Tucano de Ouro de Melhor Programa de TV do Rio de Janeiro no V Fest-Rio (Brasil).

Em 1989, dirigiu o documentário América, que recebeu o prêmio de Melhor Programa Jornalístico do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). No mesmo ano, dirigiu o documentário Poesia é Uma ou Duas Linhas e Por Trás uma Imensa Paisagem, sobre a poeta Ana Cristina César, que ganhou o grande prêmio do Festival Internacional Fotoptica.

Em 1990, dirigiu o documentário para televisão Blues, que ganhou o prêmio especial do júri no Festival Internacional du Film D’Art, no Centro Georges Pompidou (Beaubourg, Paris, França). No ano seguinte, lecionou curso de Filmagem de Documentário na Conferência de Igrejas de Toda a África (AACC, em inglês), em Nairóbi, Quênia.

Em 1995, dirigiu Jorge Amado e em 1998, lançou a série documental Futebol, codirigida com Arthur Fontes, indicada ao Emmy de Melhor Documentário Internacional e selecionada como finalista do Festival Internacional do Documentário de Amsterdam (IDFA). Também participou do Festival de Cinema de Nova Iorque, como um dos finalistas para a América Latina.

Em 1999, codirigiu com Kátia Lund Notícias de uma Guerra Particular (Melhor Documentário no festival “É Tudo Verdade”; Recebeu indicações ao Emmy e para o Festival de Cinema de Nova Iorque, em 2000). Em 2003, dirigiu o documentário Nelson Freire, premiado como Melhor Documentário do Ano pela APCA e pela Academia Brasileira de Cinema.

Em 2004, dirigiu o documentário Entreatos, sobre os bastidores da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Desde 2006, é editor da Piauí, lançada por ele no Rio.

Em 2007, dirigiu Santiago (Melhor Documentário no Festival Cinéma du Réel, em Paris; no Alba Film Festival, na Itália; Melhor Documentário do Ano pela Academia Brasileira de Cinema).

Em 2015, produziu Últimas Conversas, último documentário de Eduardo Coutinho, que faleceu em 2014.

VIDEOFILMES
Criada pelos irmãos Walter e João Moreira Salles, a VideoFilmes é uma produtora independente brasileira reconhecida pela alta qualidade técnica e artística de seus trabalhos.

Com mais de 25 anos de história no mercado audiovisual, produz séries e programas para televisão; filmes de ficção e documentários. Um dos principais focos da produtora é a realização de filmes de diretores estreantes e consagrados, tais como Karim Ainouz (Madame Satã);  Sérgio Machado (Cidade Baixa), Eryk Rocha (Transeunte). Em 2016, coproduzAquarius, filme de Kleber Mendonça Filho, exibido na Competição Oficial do Festival de Cannes.

Na área dos projetos de ficção, produziu os filmes de Walter Salles, tais como: Central do Brasil, um dos mais importantes da Retomada do Cinema Brasileiro, vencedor do Urso de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, Urso de Prata para a atriz Fernanda Montenegro, e do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, além de duas indicações ao Oscar (melhor atriz e melhor filme estrangeiro); Abril Despedaçado, premiado na categoria de Melhor Direção no Festival de Havana; e Linha de Passe, que deu a Sandra Corveloni a Palma de Ouro de Melhor Atriz em 2008, no Festival de Cannes.

Já nos projetos de não-ficção, produziu os documentários  de João Moreira Salles, tais como: Notícias de uma Guerra Particular, codireção com Katia Lund indicado ao Emmy Latino na categoria deste gênero; Entreatos, que recebeu o Prêmio de Melhor Documentário concedido pela ACIE (Associação de Críticos da Imprensa Estrangeira); e Santiago, Melhor Documentário no Festival du Réel (França), entre outros.

Também teve privilégio de produzir filmes realizados pelos mestres Nelson Pereira dos Santos, como Casa Grande Senzala; e oito filmes de Eduardo Coutinho, entre eles, Babilônia 2000,Edifício MasterJogo de Cena, e Últimas Conversas.

As coproduções internacionais também fazem parte dessa história. Parceiras com Matanza Cine, Lita Stantic (Argentina) e Fado Filmes (Portugal) deram origem aos longas-metragens dirigidos por Pablo Trapero, Miguel Kohan, Luís Galvão Teles e mais recentemente Paulina, de Santiago Mitre, foi selecionado para a Semana da Crítica em Cannes (ganhador de prêmios como o Grand Prix Nespresso e Fipresci neste festival).    

Nesta jornada, a VideoFilmes recebeu reconhecimento por suas produções, conquistando mais de 300 prêmios nacionais e internacionais por seus filmes de ficção e documentários, os quais participaram de festivais internacionais como Cannes, Sundance, Veneza e Berlim. 


Fonte: Julia Moura/ Primeiro Plano Assessoria de Comunicação.

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