sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Filme "Maresia", crítica

Um homem em busca de si mesmo através da arte. Maresia, primeiro longa de Marcos Guttman, é uma adaptação do livro “Barco a Seco”, de Rubens Figueiredo (premiado com o Jabuti em 2002) e narra a história do perito de arte Gaspar Dias (Júlio Andrade), especialista na obra do pintor Emilio Vega, falecido há 50 anos. A inesperada visita de Inácio Cabrera (Pietro Bogianchini), um suposto amigo de infância do pintor, com uma peça do artista, faz com que Gaspar faça uma viagem ao passado de Vega para tentar comprovar a autenticidade do quadro.
A dicotomia entre o passado e o presente, entre o real e o imaginário, o falso e o verdadeiro, tema do livro “Barco a Seco” foi reproduzida na montagem cinematográfica através de uma edição paralela mostrando a trajetória do artista Emílio Vega e do perito Gaspar Dias, ambos os personagens interpretados pelo ator Júlio Andrade, em duas épocas distintas. O longa apresenta a busca incessante de Gaspar pela verdadeira história do mito Vega, construído após a notícia de uma morte trágica no mar, e desconstruída ao longo de sua investigação.

O personagem Vega de Júlio Andrade é um homem consciente de seu talento, egocêntrico e explosivo, que decidiu viver quase como um recluso, numa comunidade de pescadores, longe dos grandes centros urbanos. A admiração pela mente inquieta e revolta de Vega faz com que o perito Gaspar Dias torne-se obsessivo pela vida e obra do artista. Gaspar tenta enxergar o mundo pelos olhos do pintor. Por trás da alcunha de autoridade máxima na obra de Vega, o especialista tenta esconder suas frustrações, projetando na imagem de Vega suas convicções pessoais, abaladas quando ele começa a desvendar o passado do artista.
Além da vigorosa dupla interpretação de Júlio Andrade como os personagens centrais da trama (Gaspar Dias/ Emílio Vega), e de Pietro Bogianchini, como o controverso e misterioso Inácio Cabrera, amigo de infância do pintor Vega, temos a presença de Vera Holtz como Angelina, dona da galeria de arte em que Gaspar trabalha, e mãe do dependente e mimado Humberto (Álamo Facó), além de Mariana Nunes, uma pescadora por quem Vega se apaixona.

O filme tem uma plasticidade e uma poesia que encantam, além de ótimas atuações. O longa venceu os prêmios de melhor ator (Júlio Andrade) e diretor (Marcos Guttman) no 26º Cine Ceará – Festival Ibero-Americano de Cinema. Participou da 40ª Mostra São Paulo, do Festin- 7º Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa (Portugal), do Festival Internacional de Havana (Cuba), e do Festival de Montreal (Canadá).

Estreia: 17 de Novembro
Avaliação: Muito Bom.

Elisabete Estumano Freire.



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