domingo, 16 de outubro de 2016

"INDIGNAÇÃO" DE JAMES SCHAMUS É UMA DAS BOAS SURPRESAS DO FESTIVAL DO RIO 2016


Adaptado do romance homônimo de Philip Roth, “Indignação” (Indignation), roteirizado e dirigido por James Schamus, narra a história de Marcus Messner (Logan Lerman), um jovem estudante de origem judia, de classe trabalhadora da cidade de Newark,  em New Jersey (EUA), na década de 1950. Inteligente, o rapaz consegue uma bolsa de estudos para a conservadora Winesburg College, em Ohio, escapando da convocação para lutar na Guerra da Coreia. Lá, ele se depara com as normas rígidas da administração do campus e conhece a bela colega de classe Olivia Hutton (Sarah Gadon), que irá mudar sua vida.

Este é o primeiro filme dirigido por Schamus, que sempre atuou como produtor e roteirista, sendo co-responsável por grandes sucessos, como O Tigre e o Dragãoe O segredo de Brokeback Mountain, em parceria com Ang Lee; Clube de compras Dallas, de Jean-Marc Vallé, e Milk – A voz da liberdade, de Gus Vant Sant. Segundo o cineasta, o roteiro de Indignação foi trabalhado durante os últimos anos que ele esteve na Focus Features, um projeto abraçado pela empatia que Schamus teve com o personagem criado por Philip Roth. "Até certo ponto, eu conheço muito bem Marcus Messner, o personagem [de Indignação]", reconhece Schamus. "Há um pouco dele em mim. Há um pouco dele em todo bom rapaz judeu que tentou se sair bem na universidade".

Para contar a história de Indignação, Schamus decidiu trabalhar com os lapsos temporais, construindo uma narrativa principal como um grande flashback. Os eventos da Guerra da Coreia, em que os companheiros de Marcus Messner enfrentam a morte faz desde o início parte das elocubrações do personagem principal. O mote da narrativa é a reflexão sobre as consequências das escolhas que fazemos na vida. Cada decisão corresponde a um segundo ato, que ao final, define o abismo entre a vida e a morte.

O filme retrata o campus universitário como um microcosmos da sociedade norte-americana. Através do confronto do personagens é possível vislumbrar os conflitos religiosos, morais e éticos da época. A perda da inocência, a descoberta da sexualidade, o confronto com figuras de autoridade, a intolerância e a tentativa de controle abusivo dos indivíduos. Entre as sequências de destaque, os embates entre o personagem Marcus Messner (Logan Lerman) e o reitor Caudwell (Tracy Letts) são o ponto central do filme. O roteiro também aborda a imposição da religiosidade versus racionalidade, o preconceito, a censura e a hipocrisia. Com ótimas atuações, o longa é uma das boas surpresas do Festival do Rio 2016.


Elisabete Estumano Freire




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