Premiado em Cannes e Munique, Bacurau está em cartaz
desde 29 de agosto
A narrativa fílmica é construída numa atmosfera fantástica, misturando elementos de diferentes gêneros cinematográficos: da ficção científica ao drama rural, passando pelo suspense, filmes de cangaço e serial killer. O longa é uma alegoria para discutir problemas sociais e políticos contemporâneos refletindo, de certo modo, a atual conjuntura nacional, que dividiu ideologicamente o país. O roteiro aborda a manipulação política, a exploração econômica e social, os discursos de ódio imbuídos do preconceito regional e racial.
Elisabete Estumano Freire.
desde 29 de agosto
Uma alegoria da resistência do povo brasileiro diante do preconceito e do imperialismo estrangeiro. Esta é uma das inúmeras interpretações possíveis de “Bacurau”, novo filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles que está em cartaz, em circuito nacional, desde o dia 29 de agosto.
Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes, onde teve sua première mundial, e do prêmio de melhor filme na Mostra CineMasters Competition do 37° Festival de Cinema de Munique (Filmfest München), o longa apresenta uma narrativa futurista. "Bacurau" traz a história de luta dos habitantes de um pequeno e fictício vilarejo do sertão nordestino contra uma onda de violentos e misteriosos crimes.
Com um estilo que nos remetem às alegorias cinematográficas de Glauber Rocha, o novo longa de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles também utiliza o recurso da criação de um território imaginário como metáfora do Brasil para abordar as questões sociais e políticas que afligem o país. Assim, como em "Terra em Transe" (1967), cujo cenário é a fictícia província de Alecrim, do país atlântico "Eldorado", o imaginário vilarejo de "Bacurau" é alvo de ataques criminosos. No entanto, se em "Eldorado" o povo continua sendo manipulado e massacrado, em "Bacurau" o povo não se deixa enganar, resistindo e indo à luta.
Lembrados pelos governantes locais somente no período das eleições, os habitantes de Bacurau já estão cansados das promessas políticas. Sem saneamento básico, água, comida e remédios, o vilarejo sobrevive através da união de seus moradores, que resistem às ameaças externas. Entretanto,acontecimentos misteriosos começam a assustar os moradores da cidade. Atacados por um inimigo desconhecido, Bacurau tenta se proteger e descobrir o que está por trás de uma série de assassinatos.
O filme inova ao desenvolver uma estética rústica, do sertão nordestino, com contornos futuristas, com direito a drones e imagens do espaço sideral. Essa mistura também pode ser conferida na trilha sonora, num coquetel que reúne música eletrônica e pop norte-americana, além de música incidental nordestina. Os diretores também incluíram a belíssima canção Requiém para Matraga, de Geraldo Vandré, trilha do filme "A hora e a vez de Augusto Matraga", de Roberto Santos.
Por todos esses e outros motivos, "Bacurau" é imperdível!
Por todos esses e outros motivos, "Bacurau" é imperdível!
O filme abriu o Festival de Cinema de Gramado deste ano e recebeu convites para ser exibido em mais de 100 festivais e mostras. Aclamado internacionalmente, Os direitos de distribuição foram vendidos para 30 países, incluíndo salas de cinema, home vídeo e streaming para os EUA, Canadá, Reino Unido, França, Japão, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, República Tcheca, Taiwan, em países da América Latina e Escandinávia.
Elisabete Estumano Freire.
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