domingo, 15 de março de 2015

CINE LANÇAMENTO - Crítica do filme "Para Sempre Alice"



O filme estrelado por Julianne Moore é uma adaptação do bestseller da escritora e neurocientista Lisa Genova, que conta a história da renomada linguísta Alice Howland, que aos 50 anos é diagnosticada com o mal de Alzheimer de instalação precoce. Mãe e esposa dedicada, profissional de sucesso, Alice que sempre lutou para ter seu intelecto reconhecido precisa enfrentar o maior dos desafios: conseguir manter a consciência de si mesma e suas memórias, pelo maior tempo que puder.

Apesar do tema, o filme não chega a ser melodramático. Acompanhamos a luta de Alice para manter sua lucidez frente ao processo de deterioração mental, seus momentos de vulnerabilidade e a fibra de uma mulher que tenta aproveitar o melhor que a vida ainda tem a lhe oferecer.


O que levou a atriz a aceitar o papel foi mostrar a doença a partir da perspectiva do portador de Alzheimer, e não somente dos cuidadores e familiares, que observam as transformações que ocorrem no paciente. Segundo Moore, “Isto traz você para dentro deste personagem e através da sua jornada. Este é um filme sobre viver com a doença, não sucumbir a ela.”

Para interpretar a personagem Alice, Julianne Moore fez um longo trabalho de imersão no mundo dos portadores de Alzheimer. Além de ler livros, assistir documentários sobre a doença, ela contou com o apoio da Associação Nacional de Alzheimer dos Estados Unidos e da ajuda da especialista May Sano, professora de psiquiatria e diretora do Centro de Pesquisas de Alzheimer. Em entrevista ao The Evening Sun, a atriz revelou que ela juntamente com os co-diretores e roteiristas Richard Glatzer e Wash Westmoreland tiveram vários encontros com clínicos, neurologistas, gerontologistas, familiares e pacientes com mal de Alzheimer.

Durante o ínicio da produção do filme, o diretor Richard Glatzer teve a confirmação do diagnóstico de ALS ou doença de Lou Gehrig. No Brasil, a doença é conhecida como esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa progressiva um pouco diferente de Alzheimer, que atinge neurônios do cérebro e da medula espinhal, perdendo a capacidade de transmitir os impulsos nervosos. O caso mais famoso da doença é a do cientista Stephen Hawking.

Glatzer faleceu na semana passada (11), em decorrência de complicações respiratórias. Nos últimos meses, ele já havia perdido a fala e o movimento dos braços, mas apesar da deterioração física ainda mantinha todas as suas faculdades cognitivas. O diretor tinha 62 anos e era casado com Westmoreland desde 2013. Durante as filmagens, Moore observou, através da situação do casal, um exemplo dos efeitos imediatos que uma doença degenerativa pode causar no matrimônio.

O modo como o diagnóstico da doença interfere na relação familiar é um dos pontos fortes do filme. Apesar do apoio do esposo (Alec Baldwin) e dos três filhos Anna (Kate Bosworth), Tom (Hunter Parrish)e Lydia(Kristen Stewart), nem todos conseguem lidar com a progressão da doença, que é transmitida geneticamente.

Para ilustrar o processo de deterioração mental de Alice por um período de dois anos e meio, os diretores usaram vários truques de câmera, com filtros e maquiagem, enquanto Moore teve que ir delicadamente mudando sua interpretação na fala e postura física. Na cena em que Alice, em estágio avançado da doença, encontra uma gravação antiga no computador, feita por ela na época do diagnóstico do Alzheimer, é que o espectador se dá conta da mudança brusca que a personagem sofreu ao longo do período. Para Moore, caracterizar o declínio da personagem devido a doença foi o momento mais difícil de sua interpretação. “Esses foram dias em que eu tinha menos texto. Mas era sobre o esforço que as pessoas fazem para percorrer a doença.”

A dedicação de Moore ao papel lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, o Bafta, o Globo de Ouro, o prêmio do Sindicato dos Atores dos Estados Unidos - SAG (Screen Actors Guild), o Critics Choice Movie Awards e o prêmio da Associação de Críticos, concedido pela Broadcast Film Critics Association, que reúne críticos de filmes dos Estados Unidos e Canadá.

O filme “Para Sempre Alice” não aborda apenas as mudanças que uma doença degenerativa, como o mal de Alzheimer, causam no paciente e em seus familiares. É um filme sobre coragem, esperança e amor.

Elisabete Estumano Freire.




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