domingo, 15 de maio de 2016

CINECLUBE SALA ESCURA EXIBE "APARTE" DOCUMENTÁRIO URUGUAIO, DIA 19 MAIO NO MAM-RJ


O Cineclube Sala Escura – Sessão Latina Cinemateca exibe uma instigante obra de um dos principais nomes do cinema uruguaio.

Na próxima quinta-feira (19), às 18h30m, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM), será exibido o filme 'Aparte" do cineasta uruguaio Mario Handler. 

Munido com uma câmera digital, Handler acompanha o cotidiano de jovens moradores de favelas de Montevidéu, chamadas no Uruguai de cantegriles. À margem dos serviços básicos garantidos pelo Estado e da aparente normalidade da capital de um país outrora conhecido como a “Suíça da América”, essas moças e esses rapazes se exibem sem pudor para uma câmera indiscreta e, sobretudo, curiosa em saber quem são essas pessoas. Como (sobre)vivem, quais são os seus sonhos e o que pensam sobre a vida? Em suma, o que é ser jovem na periferia de um grande centro urbano na América Latina nos dias de hoje?

O documentário Aparte marca o retorno de Handler à cena cinematográfica e cultural no Uruguai, após anos de exílio. O filme é um grande sucesso de público, encanta a crítica nacional e internacional e, acima de tudo, gera muita polêmica no país, pois escancara uma face do Uruguai que não agrada a muitos: a pobreza. No entanto, como afirma Handler, “gostemos ou não, isso também faz parte do Uruguai de hoje”. Porém, não é a primeira vez que Handler se debruça sobre o tema: em 1965, dirigiu o também polêmico média-metragemCarlos, cine-retrato de un “caminante” en Montevideo, que acompanhou por dez meses o cotidiano de um mendigo na capital uruguaia. Quase quatro décadas depois, e com mais de sessenta e cinco anos de idade, Handler dirige as suas lentes mais uma vez para a pobreza, mas, desta vez, preocupado em entender quem é essa nova geração de uruguaios que vivem à parte da nossa contemporânea sociedade de consumo e da informação, tão apregoada pela ideologia neoliberal.
  
Mario Handler é um dos realizadores mais importantes do cinema uruguaio, integrante doNuevo Cine Latinoamericano. Nasce em Montevidéu em 1935, onde realiza estudos de engenharia, fotografia e música. Trabalha com fotojornalismo em vários periódicos e estreia no cinema com o curta Vanguardista (1958), codirigido por Alfredo Castro Navarro. No começo dos anos 1960, realiza seus estudos em cinema na Europa; primeiro, em Utrecht, depois em Göttigen, onde trabalha com cinema científico no Institut für den Wissenschaftlichen Film (IWF) e, por fim, em Praga, na famosa FAMU (Filmová a televizní fakulta). Ao retornar ao seu país natal, é responsável, ao lado de Ugo Ulive, por uma nova fase no cinema uruguaio, marcado por um forte caráter social e político. Nesse contexto, é um dos fundadores da Cinemateca del Tercer Mundo (C3M). Assim, de meados dos anos 1960 ao começo da década seguinte, realiza Carlos, cine-retrato de un “caminante” en Montevideo (1965), Elecciones (1967), codirigido com Ulive, Me gustan los estudiantes(1968), El problema de la carne (1969), Líber Arce, liberarse (1969), produção coletiva do cineclube do semanário Marcha, e Fray Bentos: una epidemia de sarampión (1973), em codireção com Walter Tournier e Sergio Villaverde. No começo dos anos 1970, realiza trabalhos como produtor, câmera e roteirista para a televisão italiana RAI na Argentina, Bolívia e Chile. Com o recrudescimento da situação política no Uruguai que culmina no Golpe de 1973, Handler parte para o exílio ainda no final de 1972. Fixa-se em Caracas, onde reside até o final dos anos 1990. Dirige vários curtas documentais, entre eles Tiempo colonial(1976), e o longa-metragem Mestizo (1988), uma de suas raras investidas na ficção. Nesse período, leciona na Universidade Central da Venezuela (UCV).  Em 1999, retorna definitivamente ao Uruguai, onde participa ativamente da cena cultural do país. Atua na Asoprod (Associação de Produtores e Realizadores de Cinema do Uruguai) e leciona na Universidade da República (UdelaR). Dirige o polêmico longa Aparte, realizado praticamente sozinho por Handler que acompanha, por dezoito meses, a vida de jovens favelados de Montevidéu. Posteriormente, dirige o longa documental Decile a Mario que no vuelva (2007), coprodução com Espanha, filme testemunho sobre a ditadura uruguaia (1973-1985) e a sua herança maldita. Em seguida, dirige e produz uma oficina com alunos da UdelaR que dá origem ao média documental El voto que el alma pronuncia (2010), que retrata a eleição presidencial de 2009, da qual sai vitorioso o ex-guerrilheiro José Mujica. Seu último trabalho finalizado é o documentário Columnas quebradas (2015), uma análise sobre o mundo do trabalho no Uruguai.

Aparte (Uruguai, 2002, 90min, Cor, Legendas em Português)
Direção, Roteiro, Produção e Fotografia: Mario Handler
Edição e Som: Mario Handler e Daniel Márquez

Exibição:  19 de Maio de 2016 (Quinta-feira, às 18h30min)

Cinemateca do MAM (Museu de Arte Moderna)
Av, Infante Dom Henrique, 85
Parque do Flamengo - Rio de Janeiro


Cineclube Sala Escura é uma atividade de extensão da Plataforma de Reflexão sobre o Audiovisual Latino-Americano (PRALA), vinculada ao Laboratório de Investigação Audiovisual (LIA) da Universidade Federal Fluminense (UFF)


Fonte: Cineclube Sala Escura.

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