Baseado em fatos reais, o filme do diretor Tom McCarthy conta a história da investigação realizada pela equipe de jornalistas (Spotlight team) do The Boston Globe sobre a ocorrência sistemática de casos de pedofilia cometidos por padres na cidade de Boston, uma das mais importantes arquidioceses católicas nos Estados Unidos.
Com a chegada do novo editor, Marty Baron (Liev Schreiber), o periódico tenta reverter a crise financeira diante da redução dos classificados e do desafio da internet. Para aumentar as assinaturas, a estratégia é manter o interesse dos leitores investindo em matérias investigativas de âmbito local. É Baron quem decide incumbir a editoria do Spotlight para apurar as denúncias sobre o caso do padre Geogham, acusado de molestar crianças em seis paróquias da capital de Massachussets.
Com uma equipe de atores de peso, o longa foca não somente no trabalho dos repórteres Walter “Robby” Robinson (Michael Keaton), Mike Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carroll (Brian d’Arcy James), mas também no drama vivido pelas vítimas. Geralmente, crianças em situação de vulnerabilidade, oriundas de famílias pobres e lares desfeitos. Numa sociedade de maioria católica e mentalidade provinciana, em que os sacerdotes são vistos como representantes de Deus, a atuação criminosa dos padres pedófilos não se constituia somente em abuso físico, mas também espiritual.
Com uma equipe de atores de peso, o longa foca não somente no trabalho dos repórteres Walter “Robby” Robinson (Michael Keaton), Mike Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carroll (Brian d’Arcy James), mas também no drama vivido pelas vítimas. Geralmente, crianças em situação de vulnerabilidade, oriundas de famílias pobres e lares desfeitos. Numa sociedade de maioria católica e mentalidade provinciana, em que os sacerdotes são vistos como representantes de Deus, a atuação criminosa dos padres pedófilos não se constituia somente em abuso físico, mas também espiritual.
O filme destaca ainda o trabalho da organização SNAP (Survivors Network of those Abused by Priests), criada em 1989, que reúne vítimas de abusos sexuais cometidos por padres nos Estados Unidos e em outros países. Segundo a ONG, seus integrantes se consideram sobreviventes, já que muitas vítimas acabam caindo nas drogas e/ou cometem suicídio.
Segundo Tom McCarthy, o projeto do longa levou anos para ser concretizado, a começar pelo desenvolvimento da história e as dificuldades de financiamento, sendo considerado “morto” por três vezes. Apesar de ser um roteiro denso, o diretor consegue manter o ritmo sem cansar o espectador, apresentando a trajetória das investigações e as pressões políticas para impedir que as reportagens fossem publicadas. Com ótimas interpretações, o filme mostra ainda o conflito do homem dividido entre a fé divina e a descrença na Igreja. Também aborda os limites da ética profissional, da moralidade, do descaso das demais instituições públicas e privadas, sem eximir a responsabilidade da imprensa e da conivência da sociedade no ocultamento desse tipo de crime, até então considerado como casos isolados.
O ator Michael Keaton e o jornalista Walter "Robby" Robinson |
A SNAP e demais ongs da sociedade civil norte-americana, como a Bishop Accountability, acusam o papa Francisco de negligenciar os casos de padres pedófilos e defendem a abertura dos arquivos do Vaticano. De acordo com a Bishop Accountability, dados oficiais da Igreja informam que cerca de 6,4 mil padres foram acusados de pedofilia nos Estados Unidos entre os anos de 1950 e 2013. Recentemente, o papa Francisco reconheceu publicamente a ocorrência de abusos contra menores cometidos por sacerdotes. Em junho de 2015, o Vaticano criou uma instância para julgar os bispos acusados de acobertar os padres pedófilos.
Spotlight foi eleito o melhor longa metragem pela Associação Nacional de Críticos de Cinema nos Estados Unidos e apesar de estar fora da competição oficial em Veneza, foi bem recebido pela crítica. Indicado a três Globos de Ouro (melhor roteiro, diretor e melhor filme dramático), não recebeu nenhum prêmio. Ainda assim, é um forte candidato a premiação do Oscar 2016, que ocorre no dia 28 de Fevereiro. O longa concorre nas categorias de melhor filme, diretor, ator coadjuvante (Mark Ruffalo), atriz coadjuvante (Rachel McAdams), roteiro original e edição.
Elisabete Estumano Freire
0 comments:
Postar um comentário