segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A MAGIA DA ÉPOCA DE OURO DO CINEMA MUDO EM “THE ARTIST”





Ao terminar de assistir a cabine para a imprensa de THE ARTIST saí com uma sensação maravilhosa.  Talvez tenha descoberto o motivo do encantamento que o filme do roteirista e diretor Michel Hazanavicius vem causando aos membros das academias cinematográficas, seja em BAFTA, no GLOBO DE OURO ou no Sindicato dos Produtores de Hollywood, o que justifica o seu pleno favoritismo ao OSCAR 2012. A ousadia de propor a um público acostumado com os sofisticados sistemas de sons digitais, a experiência cinematográfica da época do cinema mudo. Fazer com que o espectador tenha a experiência física do que representou esta transição para o cinema falado.

O roteiro apresenta a história do astro do cinema mudo George Valentin (Jean Dujardin) e da fã e aspirante a atriz Peppy Miller (Bérénice Bejo, esposa de Hazanavicius). George, sempre acompanhado de seu cãozinho, faz sucesso de bilheteria. Ele simplesmente não acredita que a mudança tecnológica para o som vá mudar a receptividade do público. No meio do caminho está Peppy Miller. Para completar o cenário, o caos financeiro da crise de 1929, com a quebra da Bolsa de Nova Yorque, contextualiza a realidade daqueles anos.

Para quem já viu o clássico “CANTANDO NA CHUVA”, dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly, o filme O ARTISTA apresenta semelhanças e diferenças. Sim, o filme de Michel Hazanavicius também mostra a difícil transição para os artistas de cinema no final da década de 20, que precisavam atender ao desejo do público de serem ouvidos. Entretanto, uma das diferenças é que o enfoque de Hazanavicius não é somente contar uma história, mas tentar criar fisicamente essa sensação de passagem, de mudança. Assim, o filme inicia totalmente mudo, mas no desenrolar da história, aos poucos, vai incorporando os sons. É genial a cena em que o personagem George Valentin começa a ouvir os ruídos sonoros, mas não consegue ouvir sua própria voz.

O ARTISTA faz várias referências aos filmes da era de ouro do cinema mudo, como por exemplo, A MARCA DO ZORRO, com Douglas Fairbanks, e do cinema clássico narrativo, como FARRAPO HUMANO de Billy Wilder, e O CORPO QUE CAI de Alfred Hitchcock. É fácil lembrar de grandes estrelas como Rudolph Valentino e John Gilbert. O filme também incorpora em sua narrativa a importância da dança e o surgimento dos musicais, o que nos remete aos saudosos Fred Astaire e Gene Kellly.

De acordo com o próprio Hazanavicius, o filme se beneficiou de um “formato negligenciado” que deu opções interessantes para um contador de histórias (IMDB).  E, sem dúvida, ele soube tomar partido das experiências deste formato, mas a magia de THE ARTIST é tudo isto e muito mais. É difícil não sair emocionado ao final da sessão. Para os cinéfilos, é uma experiência imperdível.  Recomendo.

Elisabete Estumano



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