segunda-feira, 12 de março de 2018

Pantera Negra ultrapassa a marca de 1 bilhão de dólares

Longa já é o número dois em bilheterias na América do Norte

Segundo o site Hollywood Reporter, "Pantera Negra" fez história e ingressou no último sábado (10), no clube seleto dos filmes de 1 bilhão de dólares em bilheterias no mundo todo. É o sétimo longa de super heróis a ultrapassar a marca mundial em venda de ingressos, incluindo o quinto título no Marvel Cinematic Universe. Na América do Norte se tornou o segundo filme de super heróis de todos os tempos, atrás somente de The Avengers, da Marvel, depois de ultrapassar The Dark Night (2008), que arrecadou na época U$535 milhões de dólares. 


O filme teve custos na ordem de U$200 milhões de dólares sendo produzido por Kevin Feige, da Disney e Marvel Studios. Estrelado por Chadwick Boseman, Michael B. Jordan e Lupita Nyong'o, apresenta a origem do Pantera Negra, protetor da fictícia Wakanda, um país que camufla sua prosperidade econômica baseada num raro e valioso minério, o vibranium. Após a morte do rei, seu filho T'Chala (Chadwick Boseman) assume o trono, mas é desafiado por Killmonger (Michael B. Jordan), um antigo inimigo. A partir daí começa uma luta de poder pelo destino de Wakanda. 


O país é a imagem de um ideal afrofuturista tecnológico, com elevada qualidade de vida. Representa uma nação que foi poupada da espoliação secular dos países colonizadores. Em Wakanda não há espaço para a visão da extrema pobreza. E o filme parece mesmo querer se distanciar da imagem-clichê da miséria africana. 

Na verdade, a maquiagem da África hollywoodiana de Wakanda é um contraste com a realidade de muitas regiões daquele continente. Cerca de 21 dos 30 países mais pobres do mundo estão em território africano, principalmente nas áreas adjacentes do deserto do Saara. O mapa da fome é resultado de uma política excludente voltada para a exportação em descompasso com a agropecuária de subsistência e o crescimento populacional. O continente apresenta altos índices de subnutrição, analfabetismo e baixa expectativa de vida. 

Imagem/Fonte: Nova Escola

Entretanto, também é errônea a ideia de que o território africano é formado apenas por regiões desérticas, de cultura tribal e de agricultura de subsistência. Terceiro maior continente do planeta, com mais de 800 milhões de habitantes em 54 países, sendo 48 continentais e 6 insulares, a África possui uma grande diversidade de paisagens, devido ao clima (equatorial, tropical, desértico e mediterrâneo), relevo e bacia hidrográfica. 




Cidade do Cabo - África do Sul.
Países como África do sul, Marrocos, Argélia e Tunísia apresentam desenvolvimento econômico, importantes centros urbanos e padrão de vida razoável. Porém, ainda assim as desigualdades sociais são gritantes. Estados nacionais como, por exemplo, Burkina Faso, na África subsaariana, apresentam grande concentração econômica de uma pequena elite em detrimento de uma maioria miserável.           

A erradicação da pobreza extrema parece não interessar às nações do Primeiro Mundo, que enriqueceram com a exploração dos recursos naturais do continente africano. Se no passado, países europeus como Portugal, França, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Itália e Alemanha dividiram o continente em colônias de exploração, atualmente o território é disputado por países como Estados Unidos e China, que querem manter áreas de influência política e econômica na região. 


A camuflagem de Wakanda como forma de proteção também pode ser entendida como uma metáfora para a invisibilidade da fome na África. O filme apresenta um certo escapismo para um mundo utópico, de sonho, misticismo, beleza e fartura. Discute séculos de exploração, mas também conclama a uma reação de partilha e solidariedade com as nações mais pobres.


Num país que tem um histórico de políticas de segregação social e de organizações criminosas como a Ku Klux Kan, é importante que Hollywood realize mais produções do porte de "Pantera Negra". O longa não apenas valoriza a cultura afro, mas apresenta um elenco majoritariamente negro, trazendo à tona o debate sobre liberdade e opressão. 

Em tempos de governo Trump, que fez declarações racistas contra os países africanos, o filme é uma resposta positiva da indústria cinematográfica sobre a riqueza e importância da cultura afro no mundo. Diante da dominação cultural branca, o protagonista de Pantera Negra pode inspirar crianças  e jovens afrodescendentes, que finalmente têm a possibilidade de se espelhar na imagem de um super herói negroQue esta seja uma tendência para outros filmes de gênero.

Elisabete Estumano Freire.

Leia crítica do filme no link: 
http://www.cabinedecinema.com/2018/02/pantera-negra-2018.html


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